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Investigação Artística

 

A produção de conhecimento em arte, enquadrada no vasto campo das ciências humanas, foi desde sempre levada a cabo por teóricos e estruturada em metodologias de pesquisa convencionais (comparativa, histórica e analítica).  A obra de arte e o seu criador limitavam-se a objecto de estudo.  Havia no entanto um grande potencial desperdiçado que consistia na pesquisa levada a cabo pelo artista no processo prático de criação e que só ele, pela vivência da experiência, podia compilar. 

Conscientes desta lacuna, desde meados do séc. XX que diversos teóricos defendem a importância do trabalho prático na investigação, como complemento do trabalho teórico. 

 

Foi só nos anos 90, no Reino Unido, que acesos debates entre académicos do ensino das artes, resultaram num verdadeiro reconhecimento do valor da prática no desenvolvimento de conhecimento académico. (Gray, Malins 2004) 

Denominada de Art practice-based research, esta metodologia inclui um artefacto artístico original como trabalho integral e reflexivo, em aditamento a, ou até mesmo, em substituição do desenvolvimento de uma dissertação escrita. No domínio das Artes, esta metodologia, assume que o objeto artístico se constitui como conhecimento, convertendo-se numa legítima pesquisa académica qualitativa. “Ao interligar os limites académicos tradicionais, como a teoria e a prática, palavras e imagem, factos e fantasias” (p. 103), o projeto de investigação artística torna-se um agente ativo na conceptualização literal e conceptual do trabalho académico (Candlin, 2008).

 

Paulo Quaresma - Investigador no CIAC - Centro de Investigação em Artes e Comunicação | U. Coimbra

http://www.ces.uc.pt/coimbrac/pages/pt/comunicacoes-e-posters/409---paulo-quaresma.php

 

 

 

A investigação artística, ainda que utilizando procedimentos metodológicos diferenciados daqueles utilizados pela pesquisa em ciências, também está apta à produção de conhecimentos.

Os fenômenos artísticos, enquanto objecto de pesquisa, comportam uma análise que privilegia a historicidade e tradição cultural do fenômeno analisado, individualizando a pesquisa e utilizando uma forma de pensamento mais sistêmico. Partindo do princípio de
que as linguagens artísticas têm na iconicidade a sua soberania, a leitura de sua produção não se processa sob bases analíticas como aquelas das ciências exatas que utilizam a linguagem verbal para se expressar.

As linguagens artísticas utilizam uma lógica de expressão analógica, dificultando uma interpretação objetiva e indiferenciada da sua produção, vez que toda obra artística contém uma plurissignificação. Essas condutas de acção ultrapassam a esfera metodológica, assumindo proporções epistemológicas e ontológicas.

 

Sônia Albano de Lima | EM PAUTA - v. 12 - n. 18/19 - abril/novembro 2001 

http://seer.ufrgs.br/EmPauta/article/view/8536

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